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Em tempos de pandemia, como estão as Companhias Aéreas do Brasil?

Comaphias aéras

Esse é um setor que também está sofrendo diante da Convid-19. Quando o Coronavírus surgiu na China entre o final de 2019/ início de 2020 e de lá para cá mais rápido que o Blackbird – avião comercial com maior velocidade do mundo e atinge 3.700 km/h – atingiu toda Europa, cruzou o oceano Atlântico, chegou aos Estados Unidos e, não demorou muito, à América do Sul e ao Brasil.

Em todas as regiões, o efeito do Coronavírus ainda não é mensurável; seu estrago atinge setores da saúde, economia, política e assim causando prejuízo a vida das pessoas e empresas.

O cenário mundial aeroviário é preocupante, em carta aberta uma das principais companhias aéreas europeias, a British Airways anunciou – em junho de 2020 – a eliminação de 12mil empregos de um total de 42mil e solicitou apoio financeiro e regulatório “urgente” em nível continental. 

Profissionais do setor, acostumados a lidar com crises e se recuperar rapidamente – como ocorreu após o 11 de Setembro de 2001 ou a crise financeira de 2008, desta vez temem o duplo efeito causado por uma recessão global e as precauções dos viajantes no contexto de rápida disseminação da COVID-19 no mundo. “Muitas empresas estão em uma situação de default, os governos fornecem apoio substancial, mas a situação é extremamente frágil”, disse Brian Pearce – diretor financeiro da Associação Transporte Aéreo Internacional (IATA), com 290 companhias aéreas associadas – em maio de 2020.

Já o setor aéreo brasileiro também foi, particularmente, muito afetado. Desde o início da Pandemia, o setor apresenta queda de tráfego aéreo. Por exemplo, o Aeroporto de Congonhas, segundo maior em movimentação do país, apresentou em janeiro, quase 2 milhões de passageiros em seu terminal e 18,6 mil pousos e decolagens; já em abril foram apenas 7 mil passageiros e 1,7 mil pousos e decolagens. É um cenário assustador. 

São mais de milhares de postos de trabalho diretos e outros tantos milhares de indiretos (praça de alimentação, lojas e prestadores de serviços).

Com toda essa redução de fluxo de voos, apesar de pagarmos uma das passagens mais caras e termos um dos maiores tráfegos aéreos do mundo; o fato é que grande parte das companhias brasileiras, estrangeiras com filiais no Brasil, vivem na corda bamba, sem grande capital giro e tendo no máximo 2 meses de recursos emergenciais. Assim, rapidamente, os primeiros a sentir a crise foram os colaboradores dessas empresas.

Logo que o Governo Federal publicou a MP° 927/20 boa parte das companhias aderiram à MP; porém o prazo de vigor é 60 dias, ou seja, acabou ou está acabando. Há uma sinalização do Governo para prorrogação, mas ainda não é oficial.

Sendo assim, as companhias aéreas LATAM, GOL E AZUL – as três maiores que operam no Brasil – levaram propostas ao Sindicato Nacional dos Aeroviários (SNA) e entre os principais itens estão: redução de 35% a 50% do quadro de funcionários, em alguns casos sem pagamento da multa de 40%;  redução salarial e redução de jornada de trabalho sem garantias.

Em contrapartida, a fim de evitar danos maiores aos trabalhadores, o SNA não aceitou e, em comum acordo com outros sindicatos do setor e com a convenção coletiva, divulgará até dia 15 de junho uma proposta que aborda opções como: acordo de demissão voluntária e plano de aposentadoria voluntária. Esses receberiam todos os direitos e ainda teriam o benefício do Plano de Saúde. Já aos trabalhadores que desejassem continuar na empresa teriam as opções de licença com uma renda mínima, ou redução de jornada de trabalho e salário. Porém, permaneceriam com o Vale Alimentação, Vale Refeição, Plano de Saúde e teriam garantia de estabilidade de emprego.

A situação do setor é agravada; pois apesar de alguma previsão de retomada voos é muito cedo para afirmamos o efetivo fluxo de passageiros, seja para o turismo ou negócios. O que sabemos é que será um processo gradual, cheio de protocolos e pouco a pouco iremos descobrir o nosso novo normal. Resta saber, as companhias aéreas terão esse fôlego? 

Por Raquel Penteado